Tudo Sobre a Tabela de Categorias Profissionais em 2025
09/04/2025
A tabela de categorias profissionais em Portugal classifica os trabalhadores segundo suas funções, organizando-os em níveis hierárquicos por setor. Estabelecida através de negociações entre sindicatos e associações patronais, determina direitos e remunerações mínimas.
O sistema inclui o princípio da polivalência funcional e acompanha a evolução do salário mínimo, que atingirá 870€ em 2025. Compreender estas categorias é essencial para garantir relações laborais justas e transparentes no mercado de trabalho português.
Portugal mantém um sistema estruturado de categorias profissionais que organiza o mercado de trabalho nacional. A tabela de categorias profissionais representa um instrumento fundamental para trabalhadores e empregadores, estabelecendo direitos, deveres e remunerações para cada função. Este guia apresenta uma análise detalhada sobre estas categorias, incluindo como são estabelecidas, as tabelas salariais aplicáveis e o valor atual do salário mínimo nacional, informações essenciais para quem deseja compreender o enquadramento laboral português.
O Que São as Categorias Profissionais?
As categorias profissionais representam a classificação dos trabalhadores segundo as funções efetivamente desempenhadas, organizadas em níveis hierárquicos dentro de cada setor de atividade. Esta classificação é estabelecida nos contratos coletivos de trabalho (CCT) e constitui um pilar fundamental na organização do trabalho em Portugal.
Principais características das categorias profissionais:
- São estabelecidas através de negociações frequentemente tensas entre sindicatos e associações patronais
- Definem as funções e responsabilidades específicas de cada cargo
- Determinam os níveis remuneratórios mínimos para cada função
- Servem como referência para possíveis progressões na carreira
- São de classificação obrigatória conforme estabelecido nos CCT
A legislação portuguesa determina que todos os trabalhadores devem ser classificados numa categoria profissional específica, embora na prática existam discrepâncias significativas na aplicação deste princípio entre diferentes regiões e setores.
Como é Determinada a Estrutura Salarial para Diferentes Categorias Profissionais?
A estrutura salarial em Portugal é determinada através de um processo de negociação coletiva entre os sindicatos que representam cada categoria profissional e as respetivas associações patronais. Este processo, frequentemente marcado por conflitos e prolongamentos, estabelece as remunerações mínimas obrigatórias para cada nível profissional.
Os critérios que influenciam a determinação da estrutura salarial incluem:
- Nível de qualificação e formação exigido
- Complexidade das funções desempenhadas
- Grau de responsabilidade associado ao cargo
- Experiência profissional necessária
- Evolução do salário mínimo nacional (RMMG)
A tabela salarial é geralmente organizada por níveis ou grupos, correspondendo cada um a diferentes categorias profissionais. As remunerações estabelecidas nestas tabelas representam valores mínimos, podendo os empregadores atribuir valores superiores conforme acordado em contrato individual de trabalho.
As tabelas são periodicamente atualizadas, frequentemente em função da evolução do salário mínimo nacional. De acordo com o Decreto-Lei 112/2024, o salário mínimo nacional foi fixado em 870€ brutos mensais (14 pagamentos/ano) a partir de 1 de janeiro de 2025, representando um aumento de 6,1% em relação a 2024 (820€). Este decreto prevalece sobre qualquer contrato individual ou convenção coletiva. Além disso, o Projeto de Orçamento do Estado 2025 confirma a trajetória de aumento de 50€ por ano até atingir 1.020€ em 2028.
É importante notar que as posições iniciais dos parceiros sociais foram divergentes, com a CGTP a reivindicar 1.000€ e a UGT a propor 890€, enquanto a proposta inicial do governo era de 860€ (aumento de 4,9%).
Polivalência Funcional e Categorias Profissionais
Um aspeto importante do sistema português é o princípio da polivalência funcional, consagrado no artigo 118º do Código do Trabalho. Este princípio permite que o trabalhador exerça funções afins ou funcionalmente ligadas às suas funções principais, desde que:
- Haja capacidade e qualificação adequadas
- As funções se articulem com a valorização profissional
- Não impliquem modificação substancial da posição do trabalhador
A polivalência funcional distingue-se da mobilidade funcional (artigo 120º CT), que permite alterações temporárias mais significativas das funções.
Instrumentos de Regulamentação Coletiva de Trabalho (IRCT)
As categorias profissionais são definidas através dos IRCT, que incluem:
Tipos de IRCT:
- Contratos Coletivos de Trabalho (CCT): Entre associações sindicais e patronais de um setor
- Acordos Coletivos (AC): Entre sindicatos e várias empresas não associadas
- Acordos de Empresa (AE): Entre sindicatos e uma empresa específica
- Portarias de Extensão: Alargam a aplicação de convenções a trabalhadores não filiados
Segundo dados de 2025, em agosto foram publicadas 32 convenções coletivas (16 contratos coletivos, 12 acordos de empresa e 4 acordos coletivos), com potencial cobertura de mais de 114.000 trabalhadores.
Os IRCT devem incluir obrigatoriamente:
- Âmbito de aplicação (setor, área geográfica e categorias)
- Valores de retribuição base para todas as categorias
- Estimativa de trabalhadores abrangidos
- Procedimentos de progressão e promoção
Classificação das Atividades Económicas (CAE-Rev.4)
A partir de 1 de janeiro de 2025, Portugal adotou a nova Classificação das Atividades Económicas, denominada CAE-Rev.4, aprovada pelo Decreto-Lei 9/2025. Esta nova versão está alinhada com a NACE Rev.2.1 europeia e traz mudanças significativas:
- Adição de 131 novas subclasses para maior precisão na classificação das atividades económicas
- Harmonização reforçada com os padrões europeus
- Exemplos de códigos atualizados incluem o 46630 (Comércio por grosso de máquinas para a construção) e o 47523 (Comércio a retalho de materiais de construção)
As empresas têm a obrigação de atualizar os seus códigos CAE até 30 de junho de 2025, sob pena de sanções que podem chegar até 5.000€ (conforme o Artigo 87º do Código das Sociedades Comerciais). O Instituto Nacional de Estatística (INE) disponibilizou tabelas de correspondência para facilitar a transição da CAE-Rev.3 para a CAE-Rev.4.
Classificação Portuguesa das Profissões (CPP)
Para além das categorias definidas nos CCT, existe a Classificação Portuguesa das Profissões (CPP), um sistema nacional que:
- Organiza as profissões em grandes grupos (0-9), sub-grupos e grupos base
- Alinha-se com a Classificação Internacional (CITP/ISCO)
- Serve para análise estatística e estudos do mercado de trabalho
- Facilita a comparabilidade internacional das profissões
A CPP é mantida pelo INE e constitui uma ferramenta essencial para:
- Políticas de emprego e formação
- Análise das dinâmicas do mercado laboral
- Orientação profissional e planeamento de carreiras
Comparação entre Categorias Profissionais e Disparidades Regionais
As categorias profissionais em Portugal apresentam diferenças significativas em termos de remuneração, não apenas refletindo os distintos níveis de qualificação, mas também importantes disparidades regionais.
Analisando as categorias profissionais em diferentes setores e regiões, observamos variações salariais importantes:
Os profissionais técnicos especializados, como engenheiros e especialistas, apresentam remunerações que variam significativamente conforme a região, sendo substancialmente mais elevadas na Área Metropolitana de Lisboa do que no interior do país. Segundo o BTE 19/2024, os salários para categorias técnicas especializadas como o Encarregado na cerâmica situam-se em torno de 952€, enquanto técnicos superiores na construção civil têm um teto de 1.050€ em 2023, com ajustes mínimos em 2024.
Os profissionais administrativos e do comércio apresentam remunerações mais próximas do salário mínimo nacional, enquanto os trabalhadores não qualificados ou em início de carreira geralmente recebem valores próximos do RMMG, com particular incidência nas regiões do interior e norte do país.
Estas diferenças salariais são acentuadas por uma marcada concentração de empregos qualificados na faixa litoral, com o distrito de Lisboa a apresentar um perfil predominantemente terciário (cerca de 63,8% dos empregos), enquanto outras regiões, particularmente no Sul, mantêm estruturas de emprego mais tradicionais.
Exemplos de Tabelas Salariais por Setor (2025)
Setor da Limpeza Industrial
- Nível I - Supervisor Geral: 1.337€
- Nível II - Supervisor: 1.122€
- Nível III - Encarregado Geral: 962€
- Nível VII - Trabalhador de Serviços Gerais: 885€
- Nível IX - Trabalhador de Limpeza: 875€
Setor da Segurança Privada
- Chefe de grupo: 60,19€ (subsídio função)
- Vigilante/APA-Portuário: 115,38€ (subsídio função)
- ARE/ARD: 9,44€/hora
Setor Agrícola
- Nível 5 (Salário mínimo): 870€
- Subsídio de refeição: 5,00€/dia
- Diuturnidades: 9,25€/cada
Como Progredir na sua Categoria Profissional: Oportunidades e Limitações
A progressão na carreira em Portugal está teoricamente estruturada dentro do sistema de categorias profissionais, existindo caminhos definidos para avançar em cada setor. No entanto, é importante reconhecer as limitações estruturais que frequentemente dificultam esta progressão.
Para progredir, considere estas estratégias, tendo em conta os seus constrangimentos:
Formação contínua: Invista em qualificações adicionais relacionadas com a sua área, embora em muitos setores estas não garantam automaticamente reconhecimento ou progressão.
Antiguidade: Em muitos contratos coletivos, o tempo de serviço é um fator para progressão, mas frequentemente sujeito à "aptidão reconhecida pelo empregador", como referido no CCT da Construção Civil, introduzindo subjetividade no processo.
Mobilidade geográfica: Dada a concentração de oportunidades nas áreas metropolitanas, a disponibilidade para mudar de região pode ser essencial.
Considerar a emigração: Face à dificuldade de reconhecimento adequado das qualificações e remunerações competitivas, muitos profissionais qualificados optam por emigrar, um fenómeno significativo no mercado laboral português.
Negociação individual: Em alguns casos, a progressão pode ser negociada diretamente com o empregador, principalmente em empresas sem tabelas rígidas, embora as assimetrias de poder negocial limitem frequentemente esta abordagem.
A progressão profissional pode ser significativamente diferente dependendo do setor, da região e da conjuntura económica, com muitos trabalhadores a enfrentarem estagnação prolongada apesar das provisões formais dos contratos coletivos.
Desafios Laborais e Emigração Qualificada
Um aspeto frequentemente negligenciado na análise das categorias profissionais em Portugal é o impacto da emigração qualificada. Muitos profissionais, especialmente em setores técnicos e científicos, optam por emigrar devido à desvalorização das suas qualificações e baixas remunerações comparativas no mercado português.
Este fenómeno afeta diretamente a evolução das categorias profissionais, criando simultaneamente escassez de mão-de-obra qualificada em certos setores e dificultando a atualização das tabelas salariais para níveis competitivos internacionalmente. A emigração qualificada portuguesa no contexto europeu representa um desafio estrutural que condiciona a evolução do sistema de categorias profissionais e as suas perspetivas futuras.
Tendências Futuras das Categorias Profissionais: Entre Aspirações e Realidades
O mercado de trabalho português enfrenta transformações impulsionadas por mudanças tecnológicas, económicas e sociais, que teoricamente apontam para a criação de novas categorias profissionais, principalmente nas áreas digitais e tecnológicas. No entanto, estas tendências defrontam-se com constrangimentos significativos.
A emergência de novas categorias em áreas como inteligência artificial, cibersegurança e análise de dados é limitada por dois fatores estruturais:
Dificuldade de retenção de talentos: A baixa competitividade salarial portuguesa comparativamente com outros países europeus dificulta a retenção dos profissionais mais qualificados nestas áreas emergentes.
Rigidez nas convenções coletivas: As negociações coletivas tradicionais tendem a manter estruturas de classificação relativamente rígidas, que se adaptam lentamente às novas realidades profissionais e competências transversais.
Embora exista uma tendência para maior flexibilização das descrições funcionais e valorização de competências transversais, a implementação efetiva destas mudanças é frequentemente obstaculizada pela lentidão dos processos de negociação coletiva e resistências institucionais.
Desenvolvimentos na Função Pública (2025)
A função pública tem visto desenvolvimentos significativos em 2025:
- Aumentos salariais entre 2,15% e 6,9>#/li###
- Valorização de carreiras específicas (enfermeiros, técnicos INEM, professores)
- Criação de novas categorias (técnico auxiliar de saúde)
- Revisão prevista para técnicos superiores de saúde e reinserção social
A médio prazo, o sistema de categorias profissionais em Portugal provavelmente evoluirá de forma gradual, com adaptações incrementais às novas realidades do mercado laboral, mas mantendo muitas das suas características tradicionais e desafios estruturais.
Considerações Finais
As tabelas de categorias profissionais constituem um pilar do sistema laboral português, proporcionando uma estrutura de referência para trabalhadores e empregadores. No entanto, a realidade laboral portuguesa é marcada por complexidades que vão além destas tabelas formais: disparidades regionais acentuadas, tensões nas negociações coletivas, obstáculos à progressão na carreira e um significativo fluxo de emigração qualificada.
Conhecer não apenas as categorias profissionais e direitos associados, mas também os desafios práticos da sua implementação permite-lhe posicionar-se de forma mais realista no mercado de trabalho português. Mantenha-se informado sobre as atualizações das tabelas salariais, mas também sobre a evolução das condições reais do mercado laboral no seu setor e região específicos.
Fontes
Para a elaboração deste artigo sobre a Tabela de Categorias Profissionais em Portugal, foram consultadas as seguintes fontes oficiais:
- Decreto-Lei 112/2024: Decreto que fixa o salário mínimo em 870€ brutos mensais (14 pagamentos/ano) a partir de 1 de janeiro de 2025.
- Decreto-Lei 9/2025: Aprova a CAE-Rev.4 que entrou em vigor a 1 de janeiro de 2025.
- Boletim do Trabalho e Emprego (BTE): BTE 19/2024, que estabelece atualizações nas tabelas salariais e categorias profissionais para diversos setores.
- Contratos Coletivos de Trabalho: Diversos CCT, incluindo o da Construção Civil (2023), que definem as categorias profissionais e correspondentes níveis salariais.
- Instituto Nacional de Estatística (INE): Dados sobre disparidades regionais de emprego e classificação das atividades económicas (CAE).
- CGTP-IN e UGT: Publicações sindicais sobre negociações coletivas e reivindicações salariais.
- DGERT: Dados sobre IRCT publicados e variação das remunerações convencionais.
- Projeto de Orçamento do Estado 2025: Informações sobre a trajetória prevista para o salário mínimo até 2028.
Estas fontes são regularmente atualizadas, pelo que recomendamos a consulta periódica dos sites oficiais para obter as informações mais recentes sobre categorias profissionais e tabelas salariais em Portugal.