Semana de 4 Dias em Portugal: Resultados Reais, Vantagens e Como Funciona (2025)
24/10/2024
Entre 2023 e 2024, Portugal realizou o maior teste à semana de quatro dias com 41 empresas e mais de 1.000 trabalhadores. O resultado: 95% de satisfação empresarial, mais de 80% mantiveram o modelo, e melhorias dramáticas na saúde mental dos trabalhadores. Ansiedade caiu 21%, fadiga 23%, e a dificuldade de conciliar vida pessoal-profissional desceu de 46% para 8%.
Este guia apresenta todos os dados verificados do projeto-piloto oficial, casos práticos de empresas portuguesas como a RandTech (que aumentou produtividade em 20%), enquadramento legal atual e um plano detalhado de implementação. Informação baseada no relatório de junho 2024 e experiência prática em consultoria de RH.
A semana de quatro dias deixou de ser uma utopia distante para se tornar uma realidade testada e aprovada em Portugal. Como consultora de recursos humanos há mais de 8 anos, acompanhei de perto a evolução deste modelo revolucionário e posso afirmar: os resultados do projeto-piloto português surpreenderam até os mais céticos.
Neste guia completo, vou partilhar dados concretos do maior estudo sobre semana de 4 dias realizado em Portugal, explicar como funciona na prática e ajudá-lo a compreender se este modelo pode ser viável para a sua empresa ou carreira profissional.
O Que Aconteceu no Projeto-Piloto Português?
Entre junho de 2023 e junho de 2024, Portugal realizou um dos estudos mais abrangentes sobre a semana de quatro dias na Europa. O projeto envolveu 41 empresas de 10 distritos portugueses e mais de 1.000 trabalhadores, coordenado pelos especialistas Pedro Gomes (Professor de Economia, Universidade de Londres) e Rita Fontinha (Professora de Gestão Estratégica de RH, Universidade de Reading).
Os resultados foram extraordinários:
95% das empresas participantes avaliaram positivamente a experiência, e o mais impressionante: mais de 80% das empresas decidiram manter o modelo após o término do projeto-piloto.
Números Que Falam Por Si
Do lado das empresas, os benefícios incluíram:
- Redução significativa do absentismo
- Aumento da capacidade de recrutamento
- Diminuição da rotatividade de trabalhadores
- Melhoria nos processos internos (relatado por 83% das empresas)
- Ganhos de visibilidade e reputação (63,6% das empresas)
Do lado dos trabalhadores, o impacto na qualidade de vida foi transformador:
Saúde Mental e Bem-Estar:
- Ansiedade caiu 21>#/li###
- Fadiga recuou 23>#/li###
- Insónia ou problemas de sono diminuíram 19>#/li###
- Estados depressivos decresceram 21>#/li###
- Níveis de tensão melhoraram 21>#/li###
- Sentimento de solidão encolheu 14>#/li###
- Exaustão profissional reduziu 19>#/li###
Equilíbrio Vida Pessoal-Profissional: A percentagem de trabalhadores que considerava difícil ou muito difícil conciliar trabalho e família desceu drasticamente de 46% para apenas 8% após a implementação da semana de quatro dias.
Além disso, 65% dos trabalhadores passaram mais tempo com a família após o início da redução horária.
O Dado Mais Revelador
Aqui está talvez o indicador mais poderoso do sucesso deste modelo: 85% dos trabalhadores afirmaram que só aceitariam mudar para uma empresa com funcionamento a cinco dias mediante um aumento salarial superior a 20%.
Este número revela o imenso valor que os trabalhadores atribuem ao dia extra de descanso. Na prática, é como se o terceiro dia de folga valesse entre 20% a 25% do salário atual. Isto transforma completamente o panorama de recrutamento e retenção de talento em Portugal.
Como Funciona a Semana de 4 Dias na Prática?
Contrariamente ao que muitos pensam, a semana de quatro dias não é um modelo único. Existem diferentes formas de implementação, e as empresas portuguesas testaram várias abordagens.
Os Três Modelos Principais
1. Modelo 100-80-100 (O Mais Popular)
- 100% do salário
- 80% do tempo (redução real das horas)
- 100% da produtividade esperada
Este é o modelo verdadeiramente revolucionário e foi o mais testado no projeto-piloto português. Em média, houve uma redução de 13,7% das horas de trabalho semanais, passando de 39,3 horas para 34 horas.
2. Horário Concentrado (Já Legal em Portugal)
- 40 horas semanais comprimidas em 4 dias
- Dias de trabalho mais longos (10 horas em vez de 8)
- Mesmo salário, sem redução de horas
Este modelo já existe legalmente em Portugal através do "horário concentrado" previsto no Código do Trabalho. No entanto, não é o que se discute quando falamos da verdadeira semana de 4 dias, pois não há redução da carga horária.
3. Trabalho a Tempo Parcial Modificado
- 32 horas semanais (4 dias x 8 horas)
- Salário proporcional reduzido
- Mais comum em países nórdicos
Este modelo não foi o foco do projeto-piloto português, pois implica redução salarial.
Como as Empresas Portuguesas Organizaram?
Das empresas participantes, 58,8% proporcionaram um dia livre por semana (normalmente segunda ou sexta-feira), enquanto 41,5% optaram por uma quinzena de nove dias úteis de trabalho (uma folga extra a cada duas semanas).
As variações incluíram:
- Folga fixa: Todas as sextas-feiras livres para toda a equipa
- Folga rotativa: Diferentes dias para diferentes equipas ou departamentos
- Folga quinzenal: Uma sexta-feira livre a cada duas semanas
- Modelo híbrido: Combinação de teletrabalho com dia livre
Enquadramento Legal em Portugal (2025)
É importante esclarecer a situação legal atual da semana de 4 dias em Portugal.
O Que Diz o Código do Trabalho?
O Código do Trabalho português estabelece que o horário laboral normal não deve exceder 40 horas semanais e 8 horas diárias. Esta continua a ser a regra geral em 2025.
No entanto, já existe flexibilidade prevista na lei:
Horário Concentrado (Artigo 209º): Permite comprimir as 40 horas semanais em 4 dias, com jornadas de até 10 horas diárias. Este modelo requer acordo entre trabalhador e empregador.
Regime de Adaptabilidade: Permite distribuir as horas de forma irregular ao longo da semana, desde que respeitada a média semanal acordada.
O Projeto-Piloto e o Futuro Legislativo
O projeto-piloto da semana de quatro dias foi aprovado no âmbito da Agenda do Trabalho Digno em 2023, com o objetivo de testar a viabilidade deste modelo e recolher dados para eventual regulamentação futura.
O relatório final, publicado em 24 de junho de 2024, oferece recomendações para estimular a adoção voluntária deste modelo, incluindo possíveis incentivos fiscais para empresas que o implementem.
Situação atual (2025):
- ✅ Legal através de acordo voluntário empresa-trabalhador
- ✅ Testado com sucesso em mais de 40 empresas
- ⏳ Aguarda eventual regulamentação mais abrangente
- ⏳ Discussão política em curso sobre incentivos fiscais
Domingos Lopes, presidente do conselho diretivo do IEFP, expressou confiança: "Sem fazer futurologia, mais ano, menos ano, a semana de quatro dias será mais a regra do que a exceção".
Vantagens Comprovadas da Semana de 4 Dias
Com base nos resultados reais do projeto-piloto e na minha experiência profissional, estas são as vantagens mais significativas:
Para os Trabalhadores
1. Saúde Mental Significativamente Melhor
Os números são inequívocos: reduções entre 14% e 23% em todos os indicadores negativos de saúde mental. Na prática, isto traduz-se em:
- Menos consultas médicas relacionadas com stress
- Menos burnouts
- Maior capacidade de lidar com desafios profissionais
- Menos medicação para ansiedade e depressão
2. Verdadeiro Equilíbrio Vida-Trabalho
Ter três dias de descanso muda completamente a dinâmica semanal:
- Um dia para tratar de assuntos pessoais (bancos, médicos, burocracias)
- Um dia para lazer e tempo com família
- Um dia para verdadeiro descanso
Esta combinação elimina a sensação constante de "estar sempre a correr" que caracteriza a semana de cinco dias.
3. Mais Tempo de Qualidade com a Família
65% dos trabalhadores relataram passar significativamente mais tempo com a família. Isto é particularmente relevante para:
- Pais de crianças pequenas
- Cuidadores de familiares idosos
- Pessoas com responsabilidades familiares alargadas
4. Produtividade Individual Mais Alta
Pode parecer contraditório, mas trabalhar menos horas resulta em maior produtividade por hora trabalhada. Os trabalhadores reportaram:
- Maior foco durante o horário de trabalho
- Menos distrações
- Melhor gestão do tempo
- Menos procrastinação
Para as Empresas
1. Atração e Retenção de Talento
Este é talvez o benefício mais estratégico. Numa era de "guerra por talentos", oferecer semana de 4 dias torna-se um diferenciador poderoso:
- Destaque nos processos de recrutamento
- Redução drástica da rotatividade
- Acesso a candidatos que não considerariam ofertas tradicionais
Lembre-se: 85% dos trabalhadores só considerariam voltar a 5 dias com +20% de salário. Isto significa que oferecer semana de 4 dias é como dar um aumento salarial de 20% sem custo direto.
2. Redução do Absentismo
As empresas participantes reportaram quedas significativas nas faltas por doença. Trabalhadores mais descansados e com melhor saúde mental faltam menos.
3. Maior Produtividade Organizacional
A RandTech Computing, empresa de programas para seguradoras, conseguiu aumentar a produtividade interna em 20% ao adotar a semana de quatro dias em Portugal. Conquistaram mais seis clientes, lançaram três novos produtos e mudaram a sede para uma área premium no Porto.
João Barbosa, responsável pela comunicação da RandTech, afirma: "As pessoas trabalham mais satisfeitas, relaxadas e isso nota-se no desenvolvimento de soluções mais criativas, no ambiente e no sentido de pertencimento à marca".
4. Redução de Custos Operacionais
Com a empresa fechada ou com menos pessoas presentes um dia por semana:
- Menor consumo de energia elétrica
- Redução de custos com água, climatização e limpeza
- Menor desgaste das instalações
- Potencial redução de espaço de escritório necessário
5. Melhoria da Imagem Corporativa
Empresas que adotam a semana de 4 dias ganham:
- Reconhecimento como empregadores progressivos
- Cobertura mediática positiva
- Valorização da marca empregadora
- Alinhamento com valores ESG (Environmental, Social, Governance)
Para a Sociedade
1. Impacto Ambiental Positivo
Com menos deslocações casa-trabalho:
- Redução das emissões de CO2
- Menos congestionamento de trânsito
- Menor pegada de carbono empresarial
2. Dinamização da Economia Local
Pessoas com mais tempo livre:
- Consomem mais em serviços de lazer
- Apoiam comércio local durante a semana
- Investem em hobbies e formação pessoal
3. Melhoria da Saúde Pública
Menos stress e melhor saúde mental traduzem-se em:
- Menos encargos para o SNS
- Menos baixas médicas
- População ativa mais saudável
Desafios e Limitações
Apesar dos resultados positivos, é importante abordar honestamente os desafios. Na minha experiência a trabalhar com empresas, estes são os obstáculos mais comuns:
1. Não Funciona Para Todos os Setores
A semana de 4 dias é mais fácil de implementar em:
- Tecnologia e IT
- Serviços profissionais (consultoria, contabilidade)
- Marketing e criatividade
- Setores administrativos
Setores com maior dificuldade:
- Retalho e restauração (necessidade de cobertura contínua)
- Saúde (hospitais 24/7)
- Indústria com linhas de produção contínuas
- Serviços de emergência
Isto não significa que seja impossível - requer apenas adaptações mais criativas, como:
- Equipas rotativas
- Contratação de pessoal adicional
- Reorganização de turnos
2. Período de Adaptação Necessário
As empresas que abandonaram o projeto-piloto citaram como principais motivos a incerteza gerada pela instabilidade política internacional e pela inflação elevada, mostrando que a transição requer estabilidade e planeamento.
Os primeiros 3 meses são tipicamente os mais desafiantes:
- Ajuste de processos internos
- Reavaliação de prioridades
- Eliminação de reuniões desnecessárias
- Aprendizagem de trabalho mais focado
3. Resistência Cultural e Geracional
Encontrei resistência particularmente em:
- Gestores seniores habituados ao modelo tradicional
- Empresas familiares com cultura conservadora
- Setores mais hierárquicos
Curiosamente, a maioria das empresas que completaram o desafio é liderada por mulheres, que constituíram 60% das inscrições. Os investigadores sugerem que os homens estão menos disponíveis para a inovação nesta área.
4. Coordenação com Clientes e Fornecedores
Se toda a empresa está fechada à sexta-feira, mas clientes esperam resposta:
- Necessidade de comunicação clara
- Possíveis equipas de apoio rotativas
- Ajuste de expectativas de prazos de resposta
5. Pressão Aumentada Durante os 4 Dias
Alguns trabalhadores reportaram sentir que os quatro dias de trabalho ficaram mais intensos. É crucial:
- Não simplesmente comprimir 5 dias em 4
- Eliminar tarefas de baixo valor
- Automatizar processos
- Reduzir reuniões desnecessárias
Como Implementar a Semana de 4 Dias: Guia Prático
Com base nos ensinamentos do projeto-piloto e na minha experiência a assessorar empresas, aqui está um plano passo-a-passo:
Fase 1: Avaliação e Preparação (1-2 meses)
1. Análise de Viabilidade
- Avaliar o tipo de atividade da empresa
- Identificar departamentos onde é mais fácil começar
- Analisar cobertura necessária de clientes
- Calcular impacto financeiro previsto
2. Envolvimento da Liderança
- Apresentar dados do projeto-piloto português
- Destacar benefícios de recrutamento e retenção
- Calcular o "valor" do dia livre (equivalente a 20% de aumento)
- Obter compromisso genuíno da gestão
3. Consulta aos Trabalhadores
- Inquérito anónimo sobre interesse
- Workshops para esclarecer dúvidas
- Identificar preocupações específicas
- Formar comissão de trabalhadores para acompanhamento
Fase 2: Piloto Interno (3-6 meses)
1. Começar com Departamento-Piloto Escolher um departamento onde:
- Há maior autonomia operacional
- O trabalho é facilmente mensurável
- A liderança é mais aberta e inovadora
2. Definir Métricas Claras Antes de começar, estabelecer como medir:
- Produtividade (entregas, projetos concluídos, vendas)
- Qualidade do trabalho
- Satisfação dos colaboradores
- Impacto no absentismo
- Feedback de clientes
3. Testar Diferentes Modelos
- Equipa A: Sexta-feira livre
- Equipa B: Segunda-feira livre
- Equipa C: Folga rotativa
Avaliar qual funciona melhor para cada contexto.
4. Ajustes Contínuos Reuniões quinzenais para:
- Identificar problemas
- Partilhar soluções
- Ajustar processos
- Ouvir feedback
Fase 3: Otimização de Processos
1. Eliminação de Desperdício
- Auditar todas as reuniões (eliminar 30-40%)
- Reduzir duração de reuniões necessárias (30 min em vez de 1h)
- Implementar "no-meeting days"
- Digitalizar processos manuais
2. Ferramentas de Produtividade
- Software de gestão de projetos (Asana, Monday, Trello)
- Comunicação assíncrona (Slack com regras claras)
- Automação de tarefas repetitivas
- Dashboards para acompanhamento de KPIs
3. Formação em Gestão de Tempo
- Técnica Pomodoro
- Time-blocking
- Priorização Eisenhower
- Deep Work vs. Shallow Work
Fase 4: Expansão e Consolidação (6-12 meses)
1. Análise de Resultados do Piloto
- Comparar métricas antes/depois
- Recolher testemunhos detalhados
- Calcular ROI real
- Identificar melhores práticas
2. Expansão Gradual Se resultados positivos:
- Expandir para mais departamentos
- Manter o que funciona, ajustar o que não funciona
- Documentar procedimentos standard
3. Formalização
- Atualizar contratos de trabalho
- Comunicar oficialmente a política
- Integrar no regulamento interno
- Comunicação externa (website, redes sociais)
Setores e Empresas Que Já Adotaram
Para quem ainda duvida que isto possa funcionar na "vida real", aqui está um retrato do tecido empresarial português que já adotou este modelo:
Perfil das Empresas Participantes
As 41 empresas do projeto-piloto situam-se em 10 distritos, com Lisboa, Porto e Braga como principais localizações, e operam sobretudo no setor social, da indústria e do comércio.
Setores representados:
- Tecnologia e software (maior representação)
- Serviços profissionais
- Setor social e IPSS
- Indústria transformadora
- Comércio
- Comunicação e marketing
Dimensão das empresas:
- PMEs (maioria)
- Algumas grandes empresas
- Startups e scale-ups
- Organizações sem fins lucrativos
Caso de Sucesso: RandTech Computing
A empresa mais mediatizada do projeto foi a RandTech Computing, do Porto. Os seus resultados demonstram claramente o potencial do modelo:
Resultados quantitativos:
- +20% de produtividade
- +6 novos clientes conquistados
- 3 novos produtos lançados
- Mudança para sede em localização premium
Resultados qualitativos:
- Ambiente de trabalho mais criativo
- Maior sentido de pertença
- Satisfação dos colaboradores significativamente superior
- Valorização da marca empregadora
Perspetivas Para o Futuro em Portugal
Para onde caminha a semana de 4 dias em Portugal? Com base nas tendências atuais e conversas com especialistas, aqui está o que prevejo:
Curto Prazo (2025-2026)
Adoção Voluntária Crescente:
- Mais empresas tech vão adotar
- Setores criativos seguirão a tendência
- Startups usarão como diferenciador de recrutamento
Pressão Competitiva:
- Empresas que não adotarem terão dificuldade em recrutar talento jovem
- Possível "fuga de cérebros" para empresas com 4 dias
Discussão Política:
- Debate sobre incentivos fiscais
- Possível criação de programa de apoio estatal
- Estudos económicos sobre impacto macroeconómico
Médio Prazo (2027-2030)
Normalização Gradual: Prevejo que 15-20% das empresas portuguesas terão adotado alguma forma de semana reduzida até 2030, especialmente em:
- Setor tecnológico (50-60% de adoção)
- Serviços profissionais (30-40%)
- Setor público (discussão intensa, implementação gradual)
Evolução Legislativa: Possível criação de:
- Quadro legal específico facilitador
- Benefícios fiscais para empresas adotantes
- Redução de TSU (Taxa Social Única) para empresas certificadas
Mudança Cultural: A geração Z (nascidos após 1997) já valoriza intensamente o equilíbrio vida-trabalho. À medida que ganham peso no mercado laboral, a pressão por semana de 4 dias intensificar-se-á.
Longo Prazo (Pós-2030)
Cenário Provável: A semana de 4 dias poderá tornar-se o novo standard em muitos setores, tal como a semana de 5 dias substituiu a de 6 dias no século XX.
Fatores Aceleradores:
- Automação e IA libertam trabalhadores de tarefas repetitivas
- Produtividade aumenta com tecnologia
- Consciência sobre saúde mental cresce
- Alterações climáticas tornam sustentabilidade mais urgente
Perguntas Frequentes
A semana de 4 dias significa ganhar menos?
Não no modelo testado em Portugal. O princípio fundamental é "100-80-100": 100% do salário, 80% do tempo, 100% da produtividade. Mantém-se o salário integral.
Como fica a Segurança Social e outros benefícios?
Mantêm-se inalterados. As contribuições são calculadas sobre o salário, que permanece o mesmo. Férias, subsídio de Natal e todos os direitos laborais mantêm-se integralmente.
O que acontece se eu trabalhar em part-time?
O modelo da semana de 4 dias aplica-se a trabalho a tempo completo. Para part-time, a redução seria proporcional (por exemplo, de 20h para 16h semanais).
Posso recusar se a minha empresa implementar?
Legalmente, alterações substanciais ao contrato de trabalho requerem acordo. No projeto-piloto português, a participação foi sempre voluntária. Se tiver reservas, pode discuti-las com o empregador.
E se eu precisar de trabalhar na sexta-feira ocasionalmente?
Depende da política da empresa. Algumas mantêm flexibilidade para situações excecionais, outras são mais rígidas. O importante é haver clareza e que exceções não se tornem regra.
Funciona com teletrabalho?
Perfeitamente compatível! Muitas empresas do projeto combinaram os dois modelos: 4 dias de trabalho, sendo alguns em teletrabalho. Esta combinação é particularmente apelativa para trabalhadores.
A minha empresa é pequena. Consegue implementar?
Das 41 empresas do projeto-piloto, muitas eram PMEs. O tamanho não é impeditivo - requer apenas mais criatividade na cobertura operacional. Empresas pequenas têm até vantagem na agilidade de decisão e implementação.
Como convencer o meu empregador?
Apresente dados concretos:
- Relatório do projeto-piloto português (disponível no site do IEFP)
- Casos de sucesso como a RandTech
- Benefícios de recrutamento e retenção
- Cálculo de que equivale a aumento salarial de 20% sem custo direto
Proponha começar com projeto-piloto em equipa ou departamento.
O modelo 4x10 (40h em 4 dias) é o mesmo que semana de 4 dias?
Não. Isso é "horário concentrado" e já é legal em Portugal. A verdadeira semana de 4 dias reduz as horas totais (normalmente para 32-34h), mantendo o salário integral.
Recursos e Próximos Passos
Para Trabalhadores
Se quer trabalhar numa empresa com semana de 4 dias:
- No LinkedIn, pesquise por "4 day week" nos benefícios das empresas
- Plataformas como 4dayweek.io listam empresas que adotaram o modelo
- Em entrevistas, pergunte sobre flexibilidade de horário e possibilidade de semana reduzida
Para propor ao seu empregador:
- Faça download do relatório final do projeto-piloto
- Prepare apresentação com dados concretos
- Proponha piloto de 3-6 meses na sua equipa
- Defina métricas claras de sucesso
Para Empresas
Recursos Oficiais:
- IEFP (Instituto do Emprego e Formação Profissional): Informação sobre o projeto-piloto e possíveis apoios
- 4 Day Week Global: Organização internacional que oferece mentoria e recursos para implementação
- Relatório final do projeto-piloto português: Análise detalhada com melhores práticas
Consultoria Especializada: Considere contratar:
- Consultores de RH com experiência em transformação organizacional
- Especialistas em produtividade e gestão de tempo
- Coaches para apoiar líderes na transição
Network e Partilha:
- Contacte empresas que já implementaram
- Participe em conferências sobre futuro do trabalho
- Junte-se a grupos de discussão de RH
Acompanhe a Evolução
Este é um tema em rápida evolução. Para se manter atualizado:
- Website do IEFP: Possíveis novos projetos-piloto
- Imprensa especializada: RH Magazine, Human Resources Portugal
- LinkedIn: Siga hashtags #semanadeQuatroDias #4dayweek #FuturoDoTrabalho
Uma Mudança de Paradigma Inevitável
Depois de analisar exaustivamente os dados do projeto-piloto português, de acompanhar empresas na implementação e de ver o impacto transformador na vida de centenas de trabalhadores, a minha conclusão é clara: a semana de quatro dias não é apenas viável - é inevitável.
O que os números portugueses provam:
- ✅ 95% de satisfação empresarial
- ✅ Mais de 80% mantiveram o modelo
- ✅ Melhorias dramáticas em saúde mental
- ✅ Aumento de produtividade comprovado
- ✅ Benefícios financeiros tangíveis para empresas
Porque vai acontecer:
- Pressão competitiva: Empresas que não adotarem perderão talento
- Mudança geracional: Geração Z e millennials priorizam qualidade de vida
- Tecnologia: IA e automação tornam 40h/semana obsoletas
- Saúde pública: Redução de burnout e problemas mentais
- Sustentabilidade: Alinhamento com objectivos ambientais
O que precisa de acontecer:
Para que Portugal capitalize plenamente este momento, é necessário:
Ao nível político:
- Criação de incentivos fiscais para empresas adotantes
- Campanha de sensibilização para PMEs
- Facilitação legal e burocrática
- Investimento em estudos de longo prazo
Ao nível empresarial:
- Abertura para experimentação
- Investimento em formação e ferramentas
- Partilha de melhores práticas
- Coragem para inovar
Ao nível individual:
- Advocacia junto dos empregadores
- Preparação para trabalhar de forma mais focada
- Valorização do próprio tempo e bem-estar
- Pressão positiva através de escolhas de carreira
A Minha Perspetiva Pessoal
Como profissional de RH que assistiu ao crescimento deste movimento, posso testemunhar: vi empresas transformadas, trabalhadores renascidos, famílias reunidas. Vi produtividade disparar quando pessoas têm tempo para verdadeiramente descansar. Vi criatividade florescer quando mentes não estão constantemente exaustas.
A semana de cinco dias não é uma lei natural - é uma convenção social de há 100 anos. Está na hora de questionar se faz sentido para o século XXI.
Os dados portugueses são inequívocos: funciona. Agora cabe-nos a todos - trabalhadores, empresários, políticos - tornar esta possibilidade numa realidade generalizada.
O futuro do trabalho não é trabalhar mais - é trabalhar melhor. E Portugal tem a oportunidade de liderar esta revolução na Europa do Sul.
Sobre Este Artigo
Este guia foi elaborado com base em:
- Relatório final oficial do projeto-piloto português (junho 2024)
- Dados do governo português e IEFP
- Análise de Pedro Gomes e Rita Fontinha (coordenadores do estudo)
- Resultados de 41 empresas e mais de 1.000 trabalhadores
- Casos práticos de implementação em Portugal
- Experiência profissional em consultoria de RH
Informações verificadas e atualizadas em outubro de 2025
Fontes Citadas:
- Governo de Portugal - Comunicado oficial sobre resultados do projeto-piloto
- IEFP - Relatório final "Semana de Quatro Dias: Projeto-Piloto"
- ECO Sapo - Análise dos primeiros resultados
- RTP Notícias - Cobertura do projeto
- RH Magazine - Acompanhamento do projeto
- CNN Portugal - Entrevistas com coordenadores
- RandTech Computing - Caso de estudo empresarial
Aviso Legal: Este artigo tem fins informativos e educacionais. As informações sobre legislação laboral podem sofrer alterações. Consulte sempre o Código do Trabalho atualizado e, se necessário, procure aconselhamento jurídico especializado. Os resultados do projeto-piloto não garantem resultados idênticos em todos os contextos empresariais.